sexta-feira, 13 de novembro de 2015

Um dia...

Hoje quando estava saindo de casa pra ir trabalhar, esqueci o lanche que levo, já que ainda é muito cedo pra tomar café da manhã. Quando chego no ponto de ônibus, recebo uma ligação da minha mãe me dizendo que havia esquecido o lanche em casa, mas como já estava longe, preferi deixar pra lá e não leva nada. Ok. Tudo certo. Quando entro no ônibus, e sento numa poltrona azul, mas já chegando no cinza de tão suja, ouço alguém me chamar na porta do ônibus: "Sahara", meu Deus, ninguém me chama de Sahara. Era minha mãe, com o lanche na mão pra me entregar, com cara de sono, entrou no ônibus e me entregou. Me senti como se ainda estivesse no primário. Mas na verdade não fiquei constrangida ou coisa parecida, achei a coisa mais linda do munto, e fiquei até meio chorosa sim, pra quê negar, eu sou sentimental vai, dá um desconto. O fato é que coisas pequenas assim, te mostram como as pessoas se preocupam com você e querem te cuidar bem a todo custo, isso me fazia muita falta. Casa de mãe é o melhor lugar do mundo, mesmo quando você se acostuma a viver sozinha.

A vida é difícil, gente, a vida tá só esperando o momento em que você abaixar pra pegar algo no chão (quem sabe sua auto estima) e te enrabar. Você só tem que ter coragem, não ser molenga e desistir no primeiro obstáculo, entende? Se fosse fácil, não se chamava "vida" se chamava "engordar".

Brincar de gangorra sem balanço não tem muita graça. Um lado vai para baixo para erguer o outro, mas que de tão leve e nas nuvens não desce para que o outro se erga um pouco e descanse as pernas. Então esse um fica eternamente embaixo, olhando para cima, enquanto o de cima olha para copa das árvores, para os pássaros, quase se esquece do que do que está embaixo. Mas quando finalmente olha para ele o vê pequenininho lá embaixo, agachado, curvado.. uma criaturazinha medíocre qualquer. Ele esquece que foi sua força para baixo que o elevou até lá em cima. Com o tempo os músculos atrofiados não conseguem dar impulso e jogar o que está embaixo para cima, e o que está em cima para baixo.

As coisas deveriam ter princípio, meio e fim. Assim como não consigo entender o eterno, não consigo entender algo que o fim chega na metade do princípio, anulando qualquer possibilidade do meio. É a mesma frustração de querer formar uma palavra, se você ainda nem conhece o alfabeto direito. Fora da sua compreensão, completamente inútil. Frustrante.

A culpa é minha. O tropeço não acontece porque o buraco estava lá, o tropeço acontece porque o buraco estava lá mas você não viu.

Sabe, frio, medo e tristeza, passam. Dor também passa. Até amor que foi embora passa. Só não passa a vontade de de fazer tudo novo de novo. O impacto de uma mudança brusca é arrasador, mas aaaah meu amigo, a vontade de provar as coisas novas, ou as velhas que há muito tempo já não se provava, é maior ainda.

Poderia fazer um manual de como se sentir melhor que um saco de lixo, e amigos e familiares podem ser bem divertidos e acolhedores, tipo seu pai que te chama pra tomar uma cervejinha com "o papito", e você se acaba de tanto rir. Mas meu tempo é curto.

Um dia tudo passa, e como me disse, a moça da limpeza de onde trabalho, que me deu uns conselhos e fiquei me sentindo naqueles filmes americanos em que sempre tem um zelador sábio, quando algo tem que acontecer, acontece, e há coisas que servem pra te libertar.

Adeus.