segunda-feira, 13 de abril de 2015

Tempo, tempo, tempo, tempo...

Não quero aqui fazer nenhum pedido ao tempo, nem dizer que ele é a cara o meu filho porque nem filho eu tenho (graças a Deus).

Na verdade eu nem sei o que eu quero, se dias mais longos pra ter tempo de fazer tudo o que eu deveria fazer, ou menos coisas pra fazer durante o dia.

Uma das coisas que mais sinto falta ultimamente: dormir. Eu não consigo dormir em coletivo, pois tenho muito medo de passar do ponto em que tenho que descer, mas essa semana foi inevitável dormir naquele Eustáquio-Iguatemi vazio sentada do lado da sombra na janela, coisa rara de ver às 12:00 hrs, era conforto demais, sorte demais pra um dia só, o cansaço e o sono me venceram acabei pegando no sono sem nem perceber, por sorte acordei dois pontos antes do meu, obrigada santan. Sempre que tenho uma oportunidade eu durmo, pareço o Chaves no episódio que ele dorme no chão do pátio da vila. Esses dias deitei em um banco da faculdade pra ler quando vi me assustei com meu próprio ronco. Durante o fim de semana, vejamos, até poderia dormir até tarde, mas o pau no cu que divide o apartamento comigo levanta 7:00 horas da manhã e fica ouvindo Edson Gomes.

O engraçado é pensar que eu queria tudo isso, eu queria entrar na faculdade, queria arrumar um emprego, queria sair de casa. Agora fico o dia todo ocupada, e só chego em casa depois das 21:30. Não reclamo de nada disso, tenho que me dividir em 30 pra ter tempo de fazer tudo, mas sei que vai ser bom pra mim (ou não). É só que... o tempo, talvez eu esteja acumulando muita coisa da faculdade e não esteja tendo tempo de fazer tudo e acabe ficando tudo pra última hora, mas não abro mão de passar um fim de semana todo com meu namorado, pois é o único tempo que tenho pra curtir a companhia, o amor e o aconchego que ele me traz, e em momentos de tumulto psicológico-pessoal-acadêmico dormir agarradinha com alguém falando “boa noite” no seu ouvido e beijando seu pescoço ajuda que é uma beleza.

É cada vez mais difícil aceitar que se passaram 30 minutos quando a gente acha que passaram-se no máximo 15. É extremamente difícil aceitar que o tempo escorre pelas mãos e a gente ainda não fez nem metade do que estava previsto pra semana, pro mês e pro ano. É como se estivessem adiantando todos os relógios sem prévio consentimento. E a gente? Ainda não fez a viagem que sempre quis, ainda não comprou o livro que tá há meses querendo ler, ainda não assistiu nenhum dos filmes que adorou só pela sinopse, ainda não perdoou e muito menos esqueceu aquela discussão desnecessária do outro dia, ainda não colocou em prática nenhum dos projetos legais que anotou no caderninho, e continua olhando pro relógio apavorado com os ponteiros que parecem girar mais rápido do que nunca. As 24 horas já não são o suficiente, a gente quer tanta coisa, por que não querer mais horas no dia também? Procrastinação? Talvez. Preguiça? Bem provável. Desorganização? É, estamos quase lá…

Nascemos para viver e estamos vivendo menos do que nunca? Ah… preciso de mais tempo, sim. Só não quero ser daquelas pessoas que não têm tempo pros amigos, que não tem tempo pro amor, que não tem tempo pra diversão, eu quero ser a melhor professora de história que meus alunos irão ter, mas também quero ser a melhor namorada, a melhor amiga, a melhor irmã, a melhor parceira de diversão e de dança, a que não ignora mensagens, a que guarda um tempinho pra rir com os amigos, mesmo que na fila do restaurante da universidade ou no grupo do whatsapp, porque o bom profissional não se cria só do trabalho cego, os amigos, os amores, e o tempinho guardado pra tudo aquilo que te faz esquecer os problemas, também te fazem vencer. É tudo isso que você vai levar pra vida.

A verdade é que somos todos adultos, com vida de adultos, cabeça de adultos. Mentira, somos, adultos com cabeça de criança. AINDA BEM. Ou de velhinhos, às vezes. O fato é que cada um tem uma vida mais corrida que a do outro, os próprios compromissos, os outros amigos…
Conforme a gente vai crescendo, ficam dizendo pra gente que não vamos ter mais tempo pra nada. Nem pros amigos. “Depois começa a trabalhar, casa, tem filho e casa pra cuidar, quero ver conseguir ver os amigos”. E posso falar uma coisa? A realidade nua e crua é que a gente sempre vai ter menos tempo, menos espaço na agenda, mais coisas pra fazer, mais preguiça, mais cansaço, mais vontade de se enfiar num casulo e por lá ficar. E se a gente acreditar nisso, a gente se enfia no casulo mesmo e BUM, a vida já era.

Uma amizade verdadeira, sólida, é como casa de vó. A gente não vai sempre, mas ela está lá, ela nos ama, ela lembra muita da gente, e quando a gente vai visitar, rapidinho ou pra ficar sem hora pra ir embora, é a maior delícia e a comida é sempre mais gostosa.
Não precisa ser assim. A maldição do ‘um dia você não vai mais ter tempo pra isso’ não precisa pegar na gente. Nem em mim e nem em você. Amizade é tão mais do que estar por perto o tempo todo.

Você pode achar um tempinho na sua agenda pra ir comer comida chinesa com seu namorado, mesmo que depois os dois passem mal.

E quando o amigo tá triste, a gente arranja um tempo, leva pro bar, toma umas biritas, chora as mágoas lado a lado, que é pra tristeza escorrer mais rápido e ir embora duma vez.

Eu ando sem tempo, tenho muito trabalho acumulado, tenho que arrumar casa, mas ainda quero ser sim, a amiga, a namorada, a engraçada do grupo dos amigos do ensino médio, a filha que arranja um tempinho pra viajar no feriado e ver a família, pois, quando eu for a Dr. Luiza formada nas história do Brasil saber tudo dos índio das política e tudo mais, eles serão os únicos que irão ignorar esse “Dr.” e dizer que não sabem como eu consegui chegar nisso se eu não conseguia nem falar na frente das pessoas, mas vão morrer de orgulho de mim.

Inclusive, sem tempo pra escrever isso também, mas mesmo assim escrevendo.